Brasil
Group CopyGroup 5 CopyGroup 13 CopyGroup 5 Copy 2Group 6 Copy
PUBLICIDADE

Por Sergio Lamucci, Valor — São Paulo


O Brasil enfrenta “riscos excepcionalmente altos e multifacetados”, apontou nesta segunda-feira o Fundo Monetário Internacional (FMI), afirmando ser fundamental o país implementar reformas que reduzam as despesas obrigatórias e a rigidez orçamentária, fortaleçam a rede de proteção social e modernizem o sistema tributário.

Em declaração do corpo técnico ao final da missão que faz o raio X anual da situação da economia do país, o Fundo ressalta, entre as principais ameaças, “uma segunda onda da pandemia, as consequências de longo prazo de uma recessão prolongada e a vulnerabilidade a choques de confiança devido ao nível elevado da dívida pública no Brasil”.

Nesse cenário, a “implementação célere de reformas estruturais que garantam a consolidação a médio prazo será essencial para mitigar o risco de uma dinâmica indesejável da dívida pública”, diz o FMI, em documento divulgado nesta segunda-feira.

O relatório avalia ainda que, “na ausência de evidências inequívocas da manutenção do teto de gastos, qualquer despesa adicional poderia minar a confiança do mercado e elevar as taxas de juros”.

Na visão da missão do FMI, “em razão do forte aumento do déficit fiscal primário, a previsão é que a dívida pública bruta salte para cerca de 100% do PIB em 2020 e continue elevada no médio prazo”. Além disso, “as necessidades brutas de financiamento, que representam 29% do PIB em 2020, estão sendo supridas por uma combinação de emissões internas e uso de ativos líquidos (depósitos do Tesouro Nacional no BCB)”.

O FMI observa que “a mínima histórica da taxa Selic, combinada com o recente encurtamento do prazo médio da dívida, permitiu ao governo reduzir seus custos de captação para níveis historicamente baixos (5%, em comparação à máxima de quase 15% no fim de 2016)”. O ponto é que “o Brasil hoje se defronta com uma curva de juros em moeda nacional bastante inclinada, o que ressalta as preocupações do mercado com a sustentabilidade fiscal”, aponta o documento.

“O compromisso inarredável das autoridades com o teto de gastos é positivo. Com a dívida pública ascendendo a 100% do PIB, preservar o teto constitucional de gastos como âncora fiscal é fundamental para apoiar a confiança do mercado e manter contido o prêmio de risco soberano”, diz o FMI. “Será necessária uma consolidação fiscal significativa para eliminar o déficit fiscal primário, que a missão estima seja necessário para a estabilização do nível de dívida pública a médio prazo”.

O documento traz também a revisão para melhor da projeção do Fundo para o PIB em 2020 – em vez de uma queda de 9,1%, divulgada em junho, o FMI passou a estimar um tombo de 5,8%, ainda assim um número pior do que o consenso de mercado apontado pelo Boletim Focus do Banco Central (BC), de 5,02%. Para 2021, a estimativa foi reduzida de um crescimento de 3,6% para uma expansão de 2,8%, também pior que os 3,5% projetados pelo mercado.

O FMI reconhece um aspecto que pode surpreender favoravelmente – “a recessão pode ser menos severa, ou a recuperação mais robusta, do que o projetado”. Ainda assim, os riscos são significativos, segundo o FMI.

“Com o auxílio emergencial reduzido à metade nos últimos quatro meses do ano, espera-se que a recuperação do consumo privado seja apenas moderada no segundo semestre de 2020, com uma lenta expansão em 2021 devido aos efeitos prolongados da crise sanitária e à retirada de apoio fiscal”, diz o Fundo.

“A utilização da poupança das famílias acumulada em 2020 (até agosto, observou-se um salto de mais de 60% nos depósitos a prazo das famílias em comparação com os 12 meses anteriores) ajudará a estabilizar o consumo no primeiro trimestre de 2021 e, assim como em muitos países, o investimento será inibido pela capacidade ociosa e a elevada incerteza sobre as perspectivas de crescimento”, aponta o documento. “Projeta-se que o saldo em transações correntes apresente um pequeno superávit de 0,3% do PIB em 2020 em meio à forte contração das importações e que se estabilize em 2021 com a retomada da demanda externa.”

O FMI diz ainda que mais apoio fiscal pode ser necessário, “caso a evolução das condições sanitárias, econômicas e sociais seja pior do que o esperado pelas autoridades”. Na visão da missão do Fundo, “embora alguns indicadores recentes sejam animadores e as autoridades esperem uma forte recuperação no próximo ano, pode levar algum tempo até que o emprego, a renda e a pobreza retornem aos níveis pré-covid.”. A questão é que “a evolução da pandemia está envolta em um grau excepcionalmente elevado de incerteza, e a retirada do apoio fiscal no final do ano adicionará pressão sobre um hiato do produto já expressivo”.

FMI — Foto: Bloomberg
FMI — Foto: Bloomberg

Agora o Valor Econômico está no WhatsApp!

Siga nosso canal e receba as notícias mais importantes do dia!

Mais do Valor Econômico

Previsão é de elevação das águas na Lagoa dos Patos, para onde escoam dois terços das águas dos rios do Rio Grande do Sul

Cidades de Pelotas e Rio Grande começam a evacuar áreas após alerta de inundação grave

Primeira reunião em Omaha desde a morte de Charlie Munger se aprofunda nas questões de mortalidade e sucessão

Buffett expõe papel do sucessor Greg Abel na reunião anual da Berkshire

De acordo com a Defesa Civil, 332 municípios foram afetados pela enchente histórica, o que corresponde a mais da metade dos municípios gaúchos. São 707.190 pessoas afetadas pela tragédia

RS tem 839 mil imóveis sem água e 421 mil sem luz; há 113 bloqueios em estradas

Federação Brasileira de Bancos divulgou balanço de doações diretas da entidade e de associados para ajudar no socorro aos moradores do Rio Grande do Sul

Ex-presidente da República foi internado neste domingo (5) no Hospital Santa Júlia em Manaus (AM) com quadro de erisipela

Em meio a impasse, Israel fecha escritórios de Al Jazeera e Hamas faz ataques em Kerem Shalom

Nova rodada de negociações de cessar-fogo entre Israel e Hamas falha neste domingo

Aeroporto de Porto Alegre está completamente fechado, em princípio até sexta-feira (10), informou o Ministério dos Portos e Aeroportos

Maioria dos portos, aeroportos e hidrovias do RS estão fechados ou com restrições; veja situação

Proposta é de que a rede de hospitais controlada pela gestora HIG migre para o segmento básico de listagem da B3

Kora: Gestora HIG, controladora da rede hospitalar, pede saída do Novo Mercado

Fundador de um dos cinco maiores grupos de ensino a distância do país, Wilson Picler diz não ter interesse em se juntar aos grandes grupos de ensino ou ser sócio de fundos de private equity

Uninter critica guerra por margem em cursos de ensino a distância

Presidentes do Senado e da Câmara disseram que as duas Casas legislativas vão atuar para votar medidas que driblem burocracias e facilitem o envio de recursos federais e de outras ações emergenciais ao RS